Thursday, June 29, 2006


Entardecer… sob a forma de um menino, espreitando o presente dos tempos passados…

Sunday, June 18, 2006

Viagens do Fauno

Andava em viagem, perdido nos dias, e cabisbaixo, muito provavelmente influenciado pelos cinzentos Londrinos, os passos nasciam naturalmente mas em desalento, como quem lança à terra semente, sem esperança de rebento… não havendo indícios de melhorias, optei pela estratégia mais rebuscada e insisti nesse estilo de caminhada, até que em frente ao palácio de Buckingham, esperando um render da guarda que nunca chegou a render, encontrei uma família comprometida… ela e ele com coragem e cumplicidade me contaram apenas com sua pose, o segredo da união…


Eis que me vi no caminho de regresso intimidado com a lição, e já mergulhado nas cores quentes de Olissipo, a família do país cinzento revelou-se a mim… durante algum tempo andei como que iluminado, mas isso passou, e voltei a virar-me para o norte, em busca de tons frios e neutros.

Thursday, June 15, 2006

The Coin of Time

Ties that bind hope to will…
Wake me up with flawless skill.
Helped by songs of nature’s art…
I jumped, I rush, to meet my part…

The realm awaited, my eyes to see…
What lies within, what lies for me.
An inheritance lost inside a lock…
With no combination, or obvious key…

But the illusion was broken, lost by the dim…
And the cage did open, or at least so it seems…
For the truth which was spoken, was sad and grim…
“We live in holes, and cracks of dreams…”

Tuesday, June 13, 2006


O Herói tentou em pedra alcançar a imortalidade, e pouco depois seus restos derrotados eram exibidos em plintos num museu…
A batalha só tinha um fim possível, meu caro e nobre Guillgamesh, e tu eras o favorito de todos nós, apenas porque nos é mais fácil gostar da vitima que do tirano, mas aquele contra quem lutavas é o mais forte elemento, o que destrói tudo em silêncio como uma engrenagem insensível, criatura com um esgar de ironia. Os teus pedaços são agora admirados porque nunca tiveste a hipótese de ganhar a tua guerra.

Saturday, June 10, 2006

Juvenal de Ares – Cavaleiro Lusitano

Do herói se diz o habitual…:
Terá sido concebido antes de nascer, num ciclo irrepetível da nossa história… onde ano após ano, as crianças nasciam cegas, surdas e mudas, para que esta pudesse nascer perfeita em todos os sentidos…

Filho de Nereu – deus do Gelo e da Vida, e de Anísia – deusa do Vento e da Morte.

Futuro herdeiro do luar e chama, último espírito da pátria deste mundo estranho…

Mesmo assim, diz-se ter nascido já com uma pequena tosse… que por respeito à sua mãe, conservou com carinho para o resto da vida…

Friday, June 09, 2006

Cristais de dor moída, alimentam esta política do esquecimento…

Thursday, June 08, 2006


Monólogo irónico sobre o Tempo

Cenário: Uma longa janela de tijolos encerra um vetusto soberano na prisão que é a sua vida…

Coro:
Em dias de Helena e sua beleza, três mestres iniciaram a busca pelo propósito…
Após anos de procura, um dos mestres encontrou numa terra distante, o primeiro homem…
O mesmo mestre a que muitos chamam tempo… parou…
E parando como se andasse, pregou-lhe os tremores à pele… transformando o jovem em velho…

Muitos… todos os anos se passaram…

Velho:
Oh! Desgoverno…!
Pedi para não ser incomodado…
Quem se sente compelido a contrariar este simples desejo…?
(silêncio)
…Ah! Sois vós Cronos – Saturno da Idade de Ouro…
Perdoa-me… mas se mal te reconheço triste tempo, será mais por orgulho que por cegueira, caro amigo…
Fecha esse portão atrás de ti e entra, para que possamos conversar neste leito de todos os berços…
(silêncio)
Que honra oferecida a este simples mendigo… receber-te ainda em vida…
Como outros, dirás… mas onde estes te confundem por egoísmo com a morte, eu vejo o rosto dentro da máscara… a linha nas raízes de mármore…
(silêncio)
Muitos – tolos, seguramente – te dividem em segundos… agrilhoando-nos a milhares ou milhões de anos…
(silêncio)
Mas aproxima-te, senta-te – prezado apanágio do silêncio – pois com sorte, se conversarmos eternamente, alguém se esquecerá de virar a tua prisão …
Até nos perderem…
– Sou eu, disse ele…
Até nos confundirem…

Tuesday, June 06, 2006

Pingando secura/Ardendo teatros

Tentemos congelar o sentimento de sorte… para além do preto de todos os infinitos possíveis…
Tentemos agarrar aquele poema onde enfrentas raiva e medo, sem cota e armadura…
Tentemos desvendar aquele enigma de duas pulgas nascidas entre uma moeda…

Tentemos a arte…

Sunday, June 04, 2006


Sentir o cadafalso a abrir
mesmo por debaixo dos meus sonhos
e em seguida cair sem parar
nesse hiato ter tempo para reflectir,
perceber o muco que cobre as paredes deste poço
a matéria que ao longe luzia como ouro
é na realidade um ranho viscoso
foi assim que senti a universidade
como uma ruína adulterada.

Porque é que os mestres perderam o lustro?
Já não são os moveis poeirentos
de onde os tomos buscamos sem vaidade
substituíram essa boa mobília por uns arames
estruturas bamboleantes de um brilho tolo…
e eu perdi-lhes o respeito e tornei-me arrogante
de um tempo morto pela conivência
desta universidade só tirei a saudade
de uma falsa graça por conviniência.